Apolo, o Deus dos inúmeros atributos

Apolo nasceu em um dia sete. Sete é o número de Apolo. Filho de Leto e Zeus e irmão gêmeo de Artemis. Ao nascer ganhou de seu pai Zeus um arco e flecha de ouro e uma lira. Conhecido pelos romanos também como Apolo ou Febo (brilhante, reluzente), é um deus complexo, possuindo inúmeras funções, e mais de duzentos atributos.

É um deus agrário protetor dos campos com seus rebanhos e pastores. Ele também é o deus da cura, sendo um médico infalível. Representa as expiações relativas aos homicídios, mostrando ser também um purificador da alma. Incentivava e defendia pessoalmente aqueles cujos atos violentos estivessem de acordo com suas normas, como foi o caso de Orestes, que assassinou a própria mãe Clitemnestra. Deus do oráculo de Delfos, era um fiel intérprete da vontade de Zeus. Senhor da poesia, da música e do canto, era o senhor das Musas.

Mas além de tudo era um deus da luz, vencedor das forças ctônicas (foi ele quem matou a serpente Piton e assumiu o oráculo de Delfos).

Apolo era belo e teve inúmeros amores, mas o deus da beleza masculina costuma ser um fracasso nessa área. Seus amores geralmente terminam em trágica. Isso porque Apolo em uma de suas lendas costumava zombar de Eros, pois julgava que o arco e a flecha eram atributos seus, e que certamente considerava que as flechas do filho de Afrodite não passavam de brincadeira.

Em seu templo em Delfos, há inscritos seus dois mais famosos preceitos: “Conhece-te a ti mesmo” e “Nada em excesso”.

O louro é a sua planta sagrada e os cisnes são a ele consagrados, como também o corvo, o urubu, a serpente e o lobo.

Apolo, juntamente com Hermes, são os filhos preferidos de Zeus, isso significa que os dois deuses se sentem a vontade nos domínios do pai, ou seja, Apolo é um deus do patriarcado. Como deus do patriarcado ele favorece o logos, o pensar antes de sentir e reagir, a objetividade e a racionalidade. Ele é aquele que busca o equilíbrio entre os desejos no sentido de uma espiritualização deles em prol do desenvolvimento da consciência.

Como arqueiro, Apolo representa aquele que busca atingir um alvo, um centro interior. Como foi dito em Artemis, acertar um alvo ou atingir uma meta requer intuição e inteligência instintiva, que não vêm da mente racional. E é justamente por isso que Apolo necessita de Artemis uma deusa matriarcal. Os irmãos mostram que para se atingir um alvo e para iniciar o processo de individuação, é necessário que feminino e masculino ajam juntos e que se busque esse equilíbrio entre as duas forças. Ela é a intuição lunar e ele a luz da consciência.

O tema do casal de irmãos é muito comum em mitos e em contos. Temos por exemplo o conto de fada João e Maria, onde os irmãos devem se unir para enfrentar um perigo e resolver uma situação difícil e nebulosa.

Apolo é um defensor da lei e da ordem, mesmo na música vemos que ele busca o equilíbrio e que as emoções devem ser moderadas. Ele se opõe ao caos do matriarcado. De certa forma a lei e a ordem são importantes para que possamos colocar em ordem nossas emoções caóticas e vermos a situação com mais distancia e, esse é o lado positivo desse arquétipo.

A sombra desse arquétipo se encontra na distância emocional, devido a falta de Eros, de quem Apolo tanto zombou. E isso causa uma incapacidade de intimidade e arrogância em suas capacidades intelectuais. Apolo gera uma inflação no ego devido a sua ilusória perfeição, o que consequentemente leva à rejeição no campo do amor.

Uma forma de amenizar isso se encontra em seu irmão sombrio Dionísio. Dionísio representa o caos, o desmembramento e os instintos. É um deus com essência feminina, pois foi criado entre as mulheres. Dionísio é um deus da música também, mas esse faz amor com a música enquanto Apolo busca a técnica e a perfeição.

Apolo deu espaço a Dionísio em Delfos, onde revezava com ele metade do ano. Isso mostra que esse arquétipo pode gerar um aumento de consciência devido a sua capacidade solar, mas deve sempre ser equilibrado pela luz da lua representada por Artemis ou pelos instintos, intensidade emocional e prazer simbolizados por Dionísio.

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