Jugo, julgo, julgamento e subjugado

Não podemos jamais confundir jugo com JULGO, pois o primeiro é uma peça de madeira para atrelar bois à carroça ou arado; e tem a ver com carregar os mesmos pesos, ser igual, por isso, existe a frase: “jugo desigual”. Já a palavra JULGO vem do verbo JULGAR, que diz respeito ao julgamento de si mesmo, do outro, de situações da vida ou decidir uma questão na qualidade de juiz ou árbitro. 

É fundamental entender essas diferenças, pois, ao não entendermos, corremos o risco de achar que jugo e julgo são a mesma coisa e, indo mais longe, acreditar que quando jugo ou julgo, sou sempre vítima de uma situação ou de alguém.

O “vitimismo”, na forma mais simples de descrição, diz respeito às pessoas que sempre acham que estão carregando algo muito pesado, enquanto que o outro não está fazendo nada. Essa é uma forma de jugo desigual, porém, ser “vítima” pode ser uma maneira de fugir das responsabilidades do indivíduo e da individualidade de cada um, enquanto vivemos em sociedade. 

O jugo é dividir as questões da vida em partes iguais, assumir as responsabilidades individuais e respeitar os direitos e deveres dos outros. Toda vez que ultrapasso meus limites, eu crio o jugo desigual, ou seja, estou levando mais peso que os outros (ou menos). O jugo é fundamental para colocar a força em seu devido lugar.

Força sem direção é muito preocupante para qualquer pessoa ou sistema estabelecido. Para ficarmos fortes, é preciso ter direção e ela se estabelece quando aprendemos sobre o jugo. Ele então é algo bom para nossas vidas, projetos, parcerias, relacionamentos, casamentos, etc.

Jugo, na realidade, nos ensina a andar um do lado do outro e não à frente e nem atrás, pois andar lado a lado nos dá mais força, garante direção mais segura e torna-se fundamental quando é necessário tomar uma decisão importante. Nesse sentido, trata-se de uma parceria de respeito. 

O Julgo, diferente do jugo, nos torna juízes ou árbitros de algo ou alguém, ou seja, nos coloca na frente da decisão e das questões. Enquanto que no jugo andar junto e paralelo é imperativo, no julgo ficar só e sobre algo ou alguém é fundamental, pois, para julgar, temos que estar na frente das pessoas.

Por isso, quando queremos realizar um julgamento, temos que ter muita experiência sobre a questão e aprender sobre jugo. Quando aprendo sobre ele, tenho mais facilidade e simplicidade no julgo. E quando julgo sozinho – que é comum para quem julga – corro o risco de ficar solitário em minhas decisões e questões mais importantes. 

Para saber quando fazer um julgamento, se faz muito necessário aprender sobre jugo e julgo, pois ao não entender a diferença e as possibilidades que eles oferecem, corremos o risco de fazer julgamentos sem base e sem princípios fidedignos e certeiros.

Existe a possibilidade de nos iludirmos, achando que o que fazemos é correto. Ás vezes, estamos confiantes em algo, porém, essa certeza não nos garante que estamos fazendo o correto. Estar certo e fazer o que é certo define o que é julgamento. O julgo sem jugo nos leva a julgamentos incertos e preconceituosos. O entendimento dos dois abre as portas da sabedoria e, com isso, os julgamentos serão mais proveitosos e assertivos para as partes envolvidas. 

Para que os julgamentos sejam assertivos, é imperativo que, de alguma forma, tenhamos em nossa mente o significado e prática do subjugado, que significa: o que foi dominado; que sofreu algum tipo de subjugação; que foi obrigado a fazer (alguma coisa); dominado; que foi alvo de conquista; conquistado. Pessoas que nunca sentiram na pele ser subjugado, podem não ter todas as ferramentas para fazer um julgamento.

Os princípios de jugo, julgo, julgamento e subjugado, quando entendidos, podem satisfazer um desejo de cada ser humano, de ser maior e melhor que o outro. Esses princípios podem oferecer um antídoto para nosso narcisismo e ser profiláticos para nossos desejos de poder e autoridade exacerbada.

Podem ser uma vacina (em doses pequenas) para os desejos de perversão (masoquismo e sadismo). Podem ser uma forma adequada para ter e manter os relacionamentos interpessoais e intrapessoais.

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