Sistemas de tempo dos Maias

As civilizações mesoaméricas pré-colombianas impressionam até hoje os estudiosos por seu alto grau de complexidade. Esses povos desenvolveram sistemas de escrita, dedicaram-se à arte, astronomia, arquitetura e matemática criando obras ainda estudadas atualmente. A mitologia destas civilizações nos permite observar diferentes conceitos de nossa existência sob uma outra luz.

Dentre essas ciências e civilizações, uma se destaca. É a cultura dos Maias, cujo calendário é admirado entre vários estudiosos. Esse sistema de contagem de tempo é altamente sofisticado e complexo. Até hoje, permanece sendo usado por comunidades que buscam preservar a cultura Maia, na península de Yucatan, na Guatemala, em Honduras e em Belize.

O principal calendário Maia tem 260 dias e chama-se Tzolk'in. O Tzolk'in é o Ciclo Sagrado Maia. Ele se baseia no ciclo do sistema estelar das Plêiades que, a cada 26 mil anos, completa uma volta ao redor da Via Láctea. Os ciclos de 13 (trezena) e 20 (vintena) dias são componentes essenciais do Tzolk'in.

Cada dia é numerado de 1 a 13 e tem um nome dentre os 20 da lista sequencial de nomes. A ciclicidade é um aspecto crucial da mitologia Maia, pois se relaciona aos fenômenos naturais e aos aspectos de morte e renascimento. Rituais e divinações estavam vinculados às repetições de dia no calendário.

No aspecto sagrado deste calendário, o 13 representa os tons da criação e o 20, os selos solares. O selo pessoal de cada um ajudaria a potencializar suas habilidades e ajudar cada pessoa a cumprir sua missão na Terra, garantindo uma existência mais harmoniosa.

Os Maias buscavam o equilíbrio. Acreditava-se que nosso planeta fora precedido por outros mundos, e que outros viriam ao final de cada ciclo de evolução. Um deles se encerraria em 2012, trazendo um novo aspecto da nossa existência. A profecia do “fim do mundo Maia” é, portanto, apenas o começo de um novo ciclo temporal.

Para cada indivíduo, no entanto, compreender os ciclos do calendário sagrado é uma maneira de se alinhar ao plano divino. O Tzolk’in nos conecta à natureza, à criação e à evolução de todas as coisas vivas. Faz de cada ser humano uma parte do todo.

O calendário é intimamente ligado à gestação humana, à criação, portanto, de vida nova. Daí surge a ideia de que viver de acordo com ele fortalece a existência de cada pessoa. No calendário Maia, o tempo é um constante ciclo. Por meio dele, vê-se a vida como uma experiência dinâmica, em constante processo de mudança e evolução.


Artigo escrito por Ana Beatriz Monteiro.

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