Segundo Princípio das Leis Herméticas: Correspondência

É por meio dos ensinamentos da Filosofia Hermética que temos a oportunidade de saber como o Universo funciona. O Hermetismo possui sete princípios que estão na base de todas as coisas e são tidas como “fórmulas” para que possamos compreender todo o conhecimento espiritual. Neste artigo, vamos abordar a importância e os significados do segundo Princípio Hermético, o da Correspondência.

Há uma correlação entre as leis e os diversos fenômenos do plano da existência. Está tudo interligado e completamente integrado: o Universo está contido em nós e nós estamos conectados ao todo. O que atinge o micro também atinge o macro. Pequenas ações impactam as grandes e o que nos influencia no interior também reverbera no exterior.

Olhando para o macrocosmo, a ação do Universo também explica o átomo, e vice-versa. Na Astrologia, temos o reflexo da posição e o comportamento dos planetas em determinados períodos sobre nossas vidas. O que é sábio fazer em determinado momento astral, quando devemos nos recolher, quando devemos reagir… Mercúrio retrógrado, por exemplo, representa a desestabilização de nossas certezas, propondo-nos uma pausa para reavaliar e revisar nossas ações. Mesmo as fases da Lua proporcionam uma série de ações sobre nosso corpo, nossas “águas” e nossas emoções. Esse é o macro sobre o micro, não como consequência (que já é um outro princípio), mas sim como reflexo.

Por outro lado – exemplificando de uma forma mais prática e saindo um pouco do plano espiritual – uma pequena ação nossa pode ter grande impacto em situações maiores que nós, o que diz respeito à nossa relação com todas as coisas – o nosso interior agindo em correspondência com o mundo de fora. E o primeiro princípio (o do Mentalismo) tem um grande papel neste princípio também. Em primeiro lugar porque tudo está interligado. E também porque a força do nosso pensamento nos leva a condições mentais que podem afetar o mundo ao nosso redor.

O trecho “o que está dentro é como o que está fora” diz muito respeito ao nosso interior e à forma como enxergamos o que está ao nosso redor, bem como à maneira como interagimos com o externo. Pode também ter relação com os reflexos dos nossos pensamentos e das nossas atitudes sobre o todo. Por exemplo: muitas vezes, a desorganização do ambiente em que vivemos pode ser o espelho, a imagem refletida da nossa bagunça mental.

Apesar de os princípios herméticos não estarem associados, em sua raiz, com religiões ou doutrinas, há sempre a possibilidade de se fazer uma relação entre o Hermetismo, a religião e a ciência, uma vez que tudo no Universo está conectado e interligado.

A Correspondência vista na religião

Mãos de uma mulher com as palmas para cima, em sinal de oração.

Para as religiões cristãs, o maior exemplo que podemos ter da Correspondência é a criação do homem à imagem e semelhança de Deus. Para os cristãos, porém, Deus é perfeito, mas o homem não é. Da mesma forma como somos criação d’Ele, muito do nosso universo é criação da nossa mente, porém, dada a nossa imperfeição, não somos capazes de acertar sempre. Sendo assim, a “imagem e semelhança” em nossas próprias criações pode ser falha.

Para o espiritismo, essa correspondência poderia estar relacionada ao conceito de karma (que veremos que também tem uma relação com o princípio de Causa e Efeito) e à nossa relação com vidas passadas – algumas atitudes que podemos repetir, como um espelho dessa correlação, e que nos levam ao caminho da evolução (mas que, por causa do livre arbítrio, nem sempre seguimos nessa direção).

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E por que não associar – tanto no espiritismo como nas crenças cristãs – a questão da correspondência ao fato de que ninguém é melhor do que ninguém e de que todos os seres e as coisas são importantes e merecem nossa reverência? Ora, se somos parte do todo e se o todo está contido em todas as coisas, tudo existe por um propósito. Ampliando ainda mais esse conceito, podemos arriscar usar uma máxima cristã para validar essa ideia: “Fazer o bem sem olhar a quem”.

O uso na ciência

Pêndulo de Newton com uma das esferas no ar.

A correspondência é um recurso vastamente usado no meio científico. A matemática, a física, a biologia e a química se valeram em muito desse artifício. A escala, por exemplo, é um ótimo exemplo desse uso – razão e proporção, a criação de maquetes, a compreensão do espaço, a sequência Fibonacci e a proporção áurea são bons exemplos. Os sistemas de unidade e até mesmo o cálculo das correspondências entre moedas (o câmbio monetário) também se valem desse princípio.

Temos também a analogia, como a que ocorre na definição da sociedade como um organismo (dentro das ciências políticas). As amostragens em pesquisas científicas ou estatísticas também se valem desse princípio.

Quase tudo pode ser explicado com base na analogia, na correspondência e na comparação proporcional. Seja para buscar uma semelhança entre o micro e o macro, seja para estabelecer as questões ligadas à relação entre os efeitos do micro no macro, e vice-versa.

Para o “Caibalion”

O “Caibalion” é uma obra de referência quando o assunto é a Filosofia Hermética; ela foi idealizada pelo filósofo Hermes Trismegisto. Publicado em 1908, com autoria atribuída ao pseudônimo Os Três Iniciados, o “Caibalion” compila os sete Princípios Herméticos.

Com sua filosofia profunda, que é base de um saber universal, a obra faz parte de um conjunto maior de ensinamentos místicos em que residem os fundamentos e os desdobramentos do Hermetismo.

Assim, o “Caibalion”, define, na íntegra, o Princípio da Correspondência: "O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima” – “O Cabalion”

Esse Princípio contém a verdade de que existe uma correspondência entre as leis e os fenômenos dos diversos planos da Existência e da Vida. O velho axioma hermético diz estas palavras: “O que está em cima é como o que está embaixo, e o que está embaixo é como o que está em cima”. A compreensão desse Princípio dá ao homem os meios de explicar muitos paradoxos obscuros e segredos da Natureza. Existem planos fora dos nossos conhecimentos, mas quando lhes aplicamos o Princípio de Correspondência chegamos a compreender muita coisa que de outro modo nos seria impossível compreender. Este Princípio é de aplicação e manifestação universal nos diversos planos do universo material, mental e espiritual: é uma Lei Universal.

Os antigos Hermetistas consideravam esse Princípio um dos mais importantes instrumentos mentais, aqueles por meio dos quais o homem pode ver além dos obstáculos que encobrem à vista o Desconhecido. O seu uso constante rasgava aos poucos o véu de Isis e um vislumbre da face da deusa podia ser percebido. Justamente do mesmo modo que o conhecimento dos Princípios da Geometria habilita o homem, enquanto estiver no seu observatório, a medir sóis longínquos, assim também o conhecimento do Princípio de Correspondência habilita o Homem a raciocinar inteligentemente, do Conhecido ao Desconhecido. Estudando a mônada, ele chega a compreender o arcanjo.

Podemos entender, em palavras mais usuais: tudo tem uma correspondência nos vários planos e subplanos do Universo, em que tudo está sempre se inter-relacionando. Tudo está contido em nós e estamos contidos no todo. Do átomo às moléculas, às composições mais complexas, tudo é feito do mesmo material, mas em proporções diferentes. Aos olhos da Correspondência, não há diferença entre nada que compõe o Universo, o que ressalta que tudo é importante – do menor ao maior.

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