Você não precisa conviver com quem te faz mal

A instituição família é algo muito importante dentro de nossa sociedade. É ela que tem a função de oferecer proteção e orientação a um indivíduo. É nela que ocorrem nossas primeiras relações que se estabelecem ainda na primeira infância. Por meio dessas relações, aprenderemos a construir as relações que teremos em nossa adolescência e vida adulta.

Contudo, não raramente, essas primeiras relações familiares podem se tornar tóxicas e abusivas. Essa toxicidade gera diversos distúrbios emocionais e muito sofrimento.

A continuidade desse tipo de abuso emocional só é possível quando a pessoa, alvo desse ataque, sente emoções como culpa, carência, ou simplesmente por não saber que há outros tipos de relações não abusivas. Nesse texto quero abordar os principais motivos que podem levar você a se prender a esse tipo de relação, quais são os tipos de abusos que existem e também como é possível que você se liberte desse sofrimento emocional e psicológico.

Abusos e violência

Homem e mulher negros brigando.

Quando falamos em violência na família, um tipo bastante comum nos vêm à mente: violência física. Sim, realmente a violência física é muito comum dentro da família brasileira. Estima-se, segundo dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (ONDH/MMFDH), que, somente no primeiro semestre de 2021, houve 50.098 denúncias de violência contra crianças e adolescentes, sendo que 40.822 (81%) desses casos aconteceram dentro da casa da vítima.

A violência física começa com um tapa e sempre evolui para casos mais graves. De maneira gera, a violência tende a aumentar. Porém existem outros tipos de violência e abuso aos quais podemos ser submetidos.

Violência psicológica: quando somos submetidos a uma conduta que causa danos em nossa autoestima, que tenha como objetivo o controle das ações, que tenha insultos, chantagens, ridicularização e limitação do direito que a pessoa tem de ir e vir.

Violência sexual: a ação do outro visa constranger, manter ou então participar de alguma relação sexual não consensual. Isso pode ser feito por coerções, como ameaças, subornos ou chantagens.

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Violência patrimonial: segundo artigo 7º da Lei Maria da Penha, esse tipo de violência se caracteriza como: “Conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades”. Seria quando alguém retém os bens da pessoa ou não permite que o outro desfrute uma liberdade financeira.

Violência moral: quaisquer ações de difamação, calúnia ou injúria.

Há também violências como chantagem emocional (se você ficar longe, é uma filho/irmão/neto, ingrato) ou obrigações impostas ao outro, como cuidar de um parente.

Por que muitas vezes seguimos na relação?

Homem e mulher brancos sentados em banco.

O primeiro motivo é a culpa. Culpa por estarmos nessa situação ou por entendemos que, se nos afastarmos dessas pessoas que são nossa família, estaremos errados, abdicando do amor e, assim, sentindo-nos culpados por negar essa família.

Entretanto a família que gera violências e sofrimento ao seu familiar não está realizando essa proteção, e sim apenas abusando desse sujeito. É totalmente plausível que essa pessoa deseje se afastar.

Por muitas vezes, a pessoa sente que tem uma obrigação com sua família, o que gera mais dificuldade de sair desse tipo de relação que suga sua felicidade e sua vida. Além disso, se a pessoa só vive esse tipo de relação, a tendência é que repita esse tipo de agressão com outras pessoas – ou se tornando vítima, ou assumindo a posição de algoz.

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Como diria Paulo Freire, na obra “Pedagogia do Oprimido”: “O grande problema está em como poderão os oprimidos, que ‘hospedam’ ao opressor em si, participar da elaboração, como seres duplos, inautênticos, da pedagogia de sua libertação. Somente na medida em que se descubram “hospedeiros” do opressor poderão contribuir para o partejamento de sua pedagogia libertadora.” Ou seja, para sair da posição de vítima, muitos se tornam algozes de alguém.

Saindo da relação abusiva e de sofrimento

Mulheres negra e branca deitadas numa cama.

Primeiro, precisamos entender que somos seres livres e que não estamos obrigados a ficar perto de quem nos maltrata, de quem no violenta e que nos subjuga. A culpa da violência não é nossa, e podemos sair dessa situação.

Segundo, que não precisamos fazer esse movimento sozinhos. Podemos e devemos procurar ajuda especializada. Seja com psicólogos, delegacias, analistas e psiquiatras. Podemos pedir auxílio a quem pode nos ajudar, pois, muitas vezes, precisamos de apoio para sair de uma posição na qual não temos mais força. Não é vergonha alguma.

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Terceiro, entender que a família serve para proteção e que, se ela não cumpre sua função, não temos obrigações ou deveres com ela. Que o desejo de estar perto de alguém seja porque nos sentimos felizes com a presença do outro e porque promove alegria. O outro nos gera benefícios, e geramos benefícios para ele. O desejo de estar com o outro deve ser porque ela nos produz felicidade, não culpa vergonha ou dever.

Se você sente que está sendo vítima de algum tipo de violência, sabe que tem o poder para mudar isso, procurando ajuda especializada. Não se cale, não deixe que a felicidade seja arrancada de você, pois ninguém tem esse direito.

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